24 de agosto de 2011

Chaplin





(Charles Chaplin)




A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?

19 de agosto de 2011

A Rosa



O tiquetaquear do relógio anunciava que o expediente encerrara há uma hora, mas a pilha de papéis sobre sua mesa parecia não ter diminuído uma polegada sequer. Precisava terminar com os serviços pendentes antes de sair de licença. A cirurgia para a retirada de um nódulo já estava marcada, seria em dois dias, e ela estava tensa. Tinha medo de não resistir, afinal sua mãe havia falecido há dois anos, vitima do mesmo problema. Desde que descobrira o tal nódulo, perdera completamente a vontade de viver. Sabia que não deveria cultivar tal pessimismo, mas no fundo, em seu íntimo, sentia que não teria escapatória. 

O relógio marcava quinze para as nove, agora. 

As luzes do corredor central apagaram e os últimos funcionários foram embora. Sozinha, procurou concentrar-se na tarefa, mas estava eufórica demais. Por duas vezes se pegou devaneando sobre o que a aguardava e teve que recomeçar a tarefa. Exausta, seus olhos não conseguiam mais acompanhar os números na tela do computador. Limpou as lentes dos óculos e nem assim melhorou. Estava tarde e precisava descansar.

Enquanto seu computador desligava, checou todos os setores, apagou as luzes e antes de sair guardou o porta retratos com a foto de sua mãe na bolsa.

A noite estava quente e o céu estrelado exibia uma lua cheia e avermelhada. Amarrou os cabelos a fim de aliviar o calor mormacento daquela noite e caminhou apressada até o ponto de táxi mais próximo. Fazia aquele trajeto todos os dias, mas era a primeira vez que o percorria sozinha. O ponto de táxi era o único lugar iluminado em meio a rua deserta, mas precisaria esperar alguns minutos até que o próximo carro chegasse.

Um perfume diferente, uma mistura floral e amadeirada, preencheu o ar a sua volta. A lâmpada de um poste mais adiante piscou e ela se assustou. Sentada na beira da calçada e segurando uma cesta com as mais variadas flores, estava uma menina. Ela não deveria ter mais que sete ou oito anos. Uma túnica azul turquesa cobria seu pequeno corpo, deixando amostra a ponta de seus dedos e seus pés, descalços, exibiam ferimentos já cicatrizados e alguns recém adquiridos. Seus cabelos louros brilhavam sob o reflexo da lua e seus lábios moviam-se lentamente. 

Preocupada, Hellen se aproximou da menina que pareceu não perceber. Foi engolfada pela sensação de conhecimento, era como se já tivesse visto aquela menina antes. Com o coração aos saltos, chegou mais perto. Enquanto cantava a menina retirou uma rosa da cesta, escolheu a mais bulbosa e perfumada, e a entregou sobressaltando-a com seu movimento rápido.

Tudo naquela menina era muito familiar, desde o tom dos seus cabelos lisos e compridos ao formato de seus dedos. 'Não pode ser!', pensou abismada com tal semelhança. 

“Helena?” — chamou.


Balançando o corpo para frente e para trás, a menina não respondeu. Ela pegou outra flor e começou a despedaçá-la como num bem-me-quer-mau-me-quer. Hellen ajoelhou-se diante da menina e chamou novamente.

“Helena?” 

Alguma coisa brilhava no rosto da criança, até que pequenas manchas escuras surgiram em sua túnica. Ela estava chorando. A intensidade das lágrimas e de seus lamentos aumentou gradativamente e ela logo estava aos prantos.

Chorando copiosamente a menina murmurava pedidos de desculpas e dizia que não faria novamente. Congelada, pega de surpresa pelas palavras e o remorso crescente da criança, ficou sem saber o que fazer. Queria segurar a menina em seus braços e acalentá-la.

A menina levantou o rosto e a encarou.

Foi como se uma descarga elétrica percorresse o seu corpo. A semelhança era patente; seu olhar inocente, o contorno dos lábios, até mesmo as covinhas em suas bochechas quando sorriu. Era ela, não tinha dúvidas. Helena.

Quando criança, Hellen perdeu sua irmã gêmea num acidente de trânsito. As duas seguiam por uma esquina, acompanhadas de sua mãe, quando Helena viu uma rosa branca no chão e correu para pegá-la. Foi tudo tão rápido que não saberia calcular o tempo entre o cantar dos pneus no asfalto e a colisão.

“Não é tão ruim quanto dizem nem tão doloroso como pensam.” — sussurrou a menina ao perceber que a mulher chorava. — “Não tenha medo.” — e tocou seu rosto com a ponta dos dedos infantis e frios. 

A lâmpada no poste piscou mais uma vez e a menina desapareceu. Ainda segurando a rosa, Hellen chamou pela menina, olhando em todas as direções a sua procura. Podia ouvi-la cantar e sentir o cheiro das flores, mas não havia sinal dela em parte alguma. Por onde passava, encontrava pétalas de flores pelo chão e decidiu então seguir a trilha, embrenhando-se por ruas escuras e desertas até que finalmente viu-se diante de um grande portão de ferro. 

As correntes pendiam soltas e enferrujadas. Com um toque o portão cedeu e abriu rangendo. Não fazia a mínima ideia de onde estava e muito menos do porque de a estar seguindo. Qualquer um, em sã consciência, teria corrido de medo. Mas havia algo mais naquela menina. Precisava de respostas. O lugar era um campo aberto e cercado por arvores altas e algumas plantas rasteiras. Por diversas vezes seus pés prenderam-se às raízes expostas, mas manteve-se firme. Arriscou chamá-la mais uma vez e sua voz ecoou em todas as direções. Avançou mais alguns metros até que seus pés tocaram em algo sólido e maciço. Na penumbra não divisou o que pudesse estar em seu caminho, imaginou uma pedra, mas era perfeitamente talhada para tal. Tateando o obstáculo às cegas seu coração quase saltou pela boca quando a luz da lua refletiu. 

Carmo Salles, 1907-1998

Foi como se tudo ao seu redor começasse a entrar em foco. Cruzes, jazigos, vielas que levavam a uma infinidade de túmulos. Quis gritar, mas o pavor a consumia. Fatigada, tentou correr. E foi quando ao longe, no topo de uma colina, vislumbrou a silhueta da menina. O som de sua voz ficava mais nítido a cada passo e o perfume das flores estava em todas as direções. Ela gritou mais uma vez antes de perder totalmente as forças e desabar no chão com um baque surdo.

Uma mão branca e infantil surgiu diante dos seus olhos.

“Não tenha medo.” — disse a menina, tocando seus cabelos. — “Já está quase acabando.”


Atordoada a mulher olhou para a menina e se assustou. O grito de pavor ficou preso na garganta ao encarar seu rosto. Seus lábios vergaram-se num sorriso triste. Ela chorava.

“Venha.” — chamou, tocando agora seu queixo.

“Para onde está me levando, Helena?” — perguntou exausta.

“Está na hora.”

Cambaleando, a mulher ficou de pé e sem entender o porquê, segurou a mão da menina e com ela rumou para o topo da colina. 

***

“Um, dois, três... Afastem-se!” — gritou o enfermeiro, antes de aplicar-lhe mais uma descarga elétrica no peito. Mas já era tarde, o monitor exibia apenas uma linha horizontal.








4 de agosto de 2011

(Música) Like a Star - Corinne Bailey Rae


Just like a star across my sky
Just like an angel off the page
You have appeared to my life
Feel like I'll never be the same
Just like a song in my heart
Just like oil on my hands
Honor to love you

Still i wonder why it is
I don't argue like this
With anyone but you
We do it all the time
Blowing out my mind

You've got this look i can't describe
You make me feel like I'm alive
When everything else is a fade
Without a doubt you're on my side
Heaven has been away too long
Can't find the words to write this song
Oh... Your love

Still i wonder why it is
I don't argue like this
With anyone but you
We do it all the time
Blowing out my mind

I have come to understand
The way it is
It's not a secret anymore
'cause we've been through that before
From tonight I know that you're the only one
I've been confused and in the dark
Now I understand

I wonder why it is
I don't argue like this
With anyone but you
I wonder why it is
I wont let my guard down
For anyone but you
We do it all the time
Blowing out my mind

Just like a star across my sky
Just like an angel off the page
You have appeared to my life
Feel like I'll never be the same
Just like a song in my heart
Just like oil on my hands





2 de agosto de 2011

10...




Coisas que tenho de fazer antes de morrer:

* Ter, pelo menos, mais dois filhos
* Publicar meu livro
* Me realizar profissionalmente
* Visitar o Vaticano
* Saltar de asa delta
* Aprender a desenhar
* Ter uma casa de campo
* Estar em algum lugar onde possa ver a neve
* Continuar amando intensamente
* Pensar no passado e sorrir

Coisas que mais digo:

* Eu te amo
* Merda! (eu sei que não é bonito, mas antes isto que um palavrão mais cabeludo)
* “Tá” bom
* Sei...
* Está tudo bem?
* Hum hum 
* Só um minutinho
* Não quero
* “Derdocéu”
* Que bom!

Coisas que faço bem:

* Amar
* Cozinhar
* Aprender
* Arrumar
* Falar
* Sonhar
* Escrever
* Questionar
* Cuidar
* Pensar

Defeitos:

* Perfeccionista
* Impaciente
* Ansiosa
* Rebelde
* Preguiçosa (só de vez em quando!)
* Complexa
* Teimosa (na maioria das vezes)
* Exigente
* Seletiva
* Medo da solidão
* Achar que sempre dou conta do recado

Qualidades:

* Perfeccionista (sim!!! É minha maior qualidade e meu pior defeito)
* Justa
* Realista, mas ao mesmo tempo, muito sonhadora
* Destemida
* Dedicada
* Organizada
* Divertida
* Sensível
* Espontânea
* Feliz (em tempo integral)

Coisas que adoro: 

* A minha história de amor
* Ver o sorriso da minha filha quando chego
* Comida japonesa 
* Sorvete de morango
* Sapatos (ah, pois é, se pudesse teria uma infinidade deles)
* Ouvir uma boa música
* Dormir de conchinha
* Massagens (Oh God! Não tem coisa melhor)
* Cafuné
* Beijo de boa noite



Coisas que detesto:

* Avareza
* Hipocrisia
* Sujeira
* Que mexam nas minhas coisas sem permissão
* Falta de educação
* Falta de humildade
* Covardia com crianças, animais e idosos
* Mentira
* Transpirar
* Frustrar-me com coisas que deixei de fazer