28 de abril de 2011

A Fogueira





Era uma noite fria. Melissa e seus amigos estavam em volta da fogueira. Não sabiam de onde surgira ou de quem fora a ideia, mas estavam arrepiados. O vento uivava e chacoalhava as copas das árvores, enfatizando cada palavra dita por Pedro.

“... E então, a mulher corria sem rumo pela estrada deserta. Ainda segurava em suas mãos a adaga que reluzia, a luz da lua, o carmim gotejante. ‘Ele mereceu’ – pensava ela. Mas seus passos logo foram abafados por outros, mais urgentes e precisos. Arriscou um olhar e espantou-se.”

“’Não pode ser!’ – estava perplexa. Vira-o morrer, sentira seu sangue escorrer em suas mãos ao cravar a arma o mais fundo possível em seu peito. ‘Impossível! Como pode...?’ – seus pés não respondiam mais. Estancou diante do homem e questionou-se o que havia feito de errado. Ele merecia morrer, não poderia mais habitar o mesmo mundo que as mulheres. Ele era um monstro sem alma.”

“Seu corpo ainda doía em razão da violência exercida sobre ele, por aquele homem. Sua pele estava impregnada com o cheiro pútrido que o sujeito exalava enquanto a possuía. ‘Ainda não tive tudo que vim buscar.’ – a voz dele era tão suave quanto a brisa que a rodeava. O impulso de correr a dominava, mas as pernas não obedeciam. O que mais aquela ‘coisa’ poderia querer dela? Desejo? Sede? Prazer?”

“Depois disso, não vira mais nada, apenas sentiu. Sua pele queimava, a dor a consumia. Seu corpo fraquejou e com um último suspiro, sua vida se foi. O homem urrava de gozo, sua tarefa fora cumprida. Mais uma alma para sua coleção.”

- Isso foi mesmo arrepiante! – sussurrou Melissa. 

Todos ao redor da fogueira fizeram coro a sua observação, mas logo a história já havia sido esquecida por todos, no entanto Melissa ficou muito impressionada. Não conseguira dormir, com o vento agitando sua barraca. Saiu para caminhar pela praia, indo em direção as arvores. 

Pedro a viu passar, mas não a impediu. Apenas seguiu seus passos com os olhos. Melissa sumiu em meio à floresta. Alguns minutos depois, tudo o que escutou, foi um grito de gelar os ossos.





2 comentários:

  1. Interesante a leitura, gostei. Parabéns!!!!

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  2. Fico feliz que tenha gostado, Rodrigo... Espero que os demais também agrade!!!

    Tks!

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