28 de abril de 2011

Rio: Cidade Maravilhosa!?


Certa tarde, enquanto voltava de mais um dia estafante de trabalho, deparei-me com uma cena que, apesar de “comum” e pouquíssimas pessoas darem importância, fiquei chocada. Estava eu, sentada na última fileira do ônibus, num daqueles bancos altos que ficam sobre as rodas do coletivo, quando vi a cobradora — aquele funcionário das empresas de ônibus que tem a simples tarefa de pegar o nosso suado dinheiro e com a cara mais mau humorada nos cumprimentar —, abrir sua bolsa e de lá retirar uma sacola com uma única banana. Levou pouquíssimo tempo para que ela devorasse toda a fruta e, num gesto estritamente “patriota” atirou as cascas pela janela. Meus olhos se arregalaram e minha cabeça balançou de negação. Daí me veio a pergunta. Se ela carregou o tempo todo a fruta dentro de sua bolsa, por que não poderia fazer o mesmo com as cascas e jogar numa lata de lixo logo que possível? Aumentei o volume de meu MP3 e respirei fundo. 



Todos os dias digo a minha filha — de apenas 3 anos — que jogar lixo na rua é “feio”. Mas me faltam argumentos para lhe explicar o porquê de ela não poder ver os peixinhos na praia por causa dele. Fico impressionada ao ver a quantidade de entulho que os garis retiram quase que diariamente das praias. É lixo que não acaba mais! Mas é nas épocas de chuva que vejo como os ditados populares são verdadeiros. Sabe aquele que diz: “Filho feio, não tem pai”? Pois é, basta a água começar a encher as ruas e inundar suas casas que eles logo começam a colocar a culpa no governo — não que eles não tenham uma grande parcela de culpa —, dizer que perderam tudo o que tinham de valor e muitas das vezes entes queridos. Mas afinal, quem tem culpa? O governo? O povo? Ah não, a grande culpada disso tudo é a chuva. Quem mandou chegar sem avisar, né! Faça-me o favor!





Até quando vamos viver nesta situação absurda, tendo que, daqui a alguns anos, substituir nossos carros por botes e nossas casas por navios? É muito fácil colocarmos a culpa no governo — eles não são totalmente inocentes, só pra lembrar — e continuarmos a viver como porcos. Por que é isso que somos, um bando de porcos. 

Daí então me recordo da tal cobradora e do que tento passar para a minha filha. Imaginem se ela visse a mulher fazendo aquilo? Olha a confusão que criaria na cabecinha dela. “Minha mãe diz que é ‘feio’, mas por que a moça fez isso?”. Inúmeras campanhas passaram pela TV alertando as pessoas sobre os problemas que o lixo jogado nas ruas causam, mas elas não estão nem aí. Entra por um ouvido e sai pelo — desculpe a palavra — cú, por que elas cagam e andam para isso literalmente. Até parece que vão deixar de tomar a cervejinha do final de semana ou de comer aquele biscoito cheio de corantes e toxinas e jogar as embalagens vazias no chão, por que um ministro de não-sei-o-quê disse que lixo nas ruas entope bueiros, trazem parasitas e sem contar nas doenças como a dengue e a leptospirose. 

Reclamar é muito fácil. Como esse povo é hipócrita!





Agora falando do governo — Achou que eu tinha esquecido né! Pois é, depois do incidente na região serrana do Rio de Janeiro no inicio do ano de 2011 por causa das chuvas, ninguém fez nada para ajudar aquelas pessoas. Ainda tem gente dormindo em abrigos e barracas de camping, dependendo de doações e eles — o governo — estão preocupados com o país não entregar a tempo as obras para as olimpíadas e copa do mundo? Primeiro que esses eventos são para quem pode pagar e no nosso país muito mal podemos pagar pelo quê comer! Precisamos de escolas descentes e um sistema de saúde que funcione, não de estádios ou pistas de atletismo. Precisamos de salários justos para que possamos viver com dignidade. Acho um absurdo o mínimo Federal estar em R$ 540,00 enquanto os deputados ganham quarenta vezes — ou mais — que isso.





Nos últimos dias a cidade do Rio de Janeiro sofreu mais uma vez com a violência das chuvas. Ruas alagadas, casas inundadas, pessoas “ilhadas” sem saber se poderiam ou se teriam condições de voltar para casa. Li na manchete de um jornal da cidade que naquele dia choveu o equivalente há 40 dias. 40 dias! É muita água. Sem uma infra-estrutura descente e com o número de pessoas mal educadas que vem aumentando a cada dia, a cidade vai se tornar o que realmente é: Um rio.





2 comentários:

  1. a coisa tá séria mesmo hein.
    segue também macacomosquito.blogspot.com

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  2. Nem fala... As coisas por aqui estão caóticas!!!

    Vlw pelo comentário... Pode deixar q seguirei tb.

    Bjs.

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